Resenha

Caveira Vermelha: Encarnado

servido por: Vitor Leobons

Vamos retomar as resenhas?

Toda segunda e sexta-feira, uma resenha novinha publicada aqui no site. Combinado?

Pois bem…

Para retomar a boa forma, o quadrinho escolhido foi lançado pela Panini em 2014, no início do boom dos encadernados de capa dura… estou discorrendo sobre Caveira Vermelha: Encarnado, de Greg Pak (roteiro) e Mirko Colak (arte).

Ao longo desses anos, sempre observei muitos elogios à interpretação de Pak para a origem desse grande nêmesis do Capitão América.

E posso dizer que nenhum deles foi exagerado.

Não dá para classificar como uma origem desse personagem, porque o recorte é anterior ao momento em que Johann Schmidt ganha a máscara vermelha de caveira do Hitler.

Assim, em vez duma nova trama de origem, Greg Pak nos entregou um estudo sobre a maldade. O roteirista é um velho conhecido dos leitores e, entre os trabalhos, está uma das mais memoráveis fases recentes do Hulk.

A trama de Pak é assustadora e não segue por caminhos fáceis. Sem grandes cenas de ação, você conta – nos dedos – as splash pages. Mas que são colocadas de forma certeira ao longo da narrativa. E um suspense que está lá o tempo todo. Crescendo até o final, que vai lhe deixar estático.

E sequer comentei o fato da trama ter uma precisão histórica admirável. Começando em 1923, cinco anos depois da Alemanha ser derrotada na Primeira Guerra Mundial, e indo até 1934, quando o Partido Nazista já tinha tomado conta do país. O estado social, político e econômico foi vital para a tomada do nazismo.

É interessante usar o quadrinho para fazer uma breve relação com esse cenário brasileiro atual. Muito se discute sobre direita em oposição à esquerda, comunistas, liberdade versus censura e todo o radicalismo.

Até pessoas afirmando que o nazismo é um movimento de esquerda… interessante como essa HQ ainda se mantém atual e pode gerar alguma discussão.

A arte de Mirko Colak é, talvez, meu único porém no encadernado. Falta-lhe um pouco de elegância. Carece saber como dar movimento às cenas de ação.

Mas se não é a mais linda, sabe retratar uma decadência que aquela Alemanha nazista passava naquele momento.

Se não tem enquadramentos surpreendentes, sabe criar um clima de terror de forma sutil. O traço tem algumas distorções, mas é detalhista e essas deformações, em alguns momentos, funcionam – muito bem – com a narrativa.

Se o desenho não surpreende, ele funciona. E as cores de Matthew Wilson ajudam a subir o patamar gráfico e artístico da edição. Trabalhando com uma paleta de cores sempre puxando para vermelho ou sépia, Matthew consegue dar o tom sóbrio, triste e realista que a história pedia.

Mas, em termos gráficos, a dupla Mirko Colak/Matthew Wilson não consegue sair da sombra de David Aja, nem das capas dele. Aja também é um velho conhecido dos fãs da Marvel, com passagem por Punho de Ferro e a elogiada fase do Gavião Arqueiro.

Usando, como referência, antigos cartazes com propaganda nazista veiculados na Segunda Guerra Mundial e também material para divulgação do filme O Triunfo da Vontade, Aja criou capas que são uma aula de design.

Fiquei até pensando em como teria ficado o roteiro de Pak desenhado pelo artista espanhol…

Enfim…

A edição da Panini é bonitona! A capa dura se justifica em uma história que vale a pena ser lida e relida…

O Caveira Vermelha é um ótimo vilão e, para mim, Encarnado seria equivalente à HQ A Piada Mortal.