Promessas de ano novo

Gustavo Borges e as “plomessas” para 2018

servido por: Vitor Leobons

Gustavo Borges não pode ser considerado uma promessa.

Meu contato com ele foi no álbum Pétalas. Com cores de Cris Peter, o projeto chegou a 1000% da meta no Catarse. Li a HQ em um respiro e logo fui atrás de tudo que ele tinha feito antes…

A Entediante Vida de Morte Crens, Edgar, 30 Minutos foram gratas surpresas! E então veio Escolhas e Até o Fim para somar a carreira desse ganhador de um trófeu HQ Mix e já publicado em Portugal e na Polônia… Enfim…

Gustavo não é uma promessa! Mas um autor no auge da sua carreira!

E o convite para escrever e desenhar uma edição das Graphics MSP estrelada pelo Cebolinha é só mais uma prova disso.

Se “Promessas de Ano Novo” é o tema dessa primeira edição do SHOTS, não pensei duas vezes em ir atrás do quadrinista para saber um pouco mais sobre esse que é um dos lançamentos mais esperados do ano!

Claro que, por contrato, nem tudo pode ser dito… mas mesmo assim, ele foi extremante simpatico e em uma breve entrevista por e-mail, falou um poquinho sobre o que podemos esperar e outras promessas de ano novo… (vocês viram o que eu fiz nesse final?)

Shots: Para começar, parabéns pelo convite para integrar o time das Graphic MSP. Mas, o que podemos esperar dessa história?

Gustavo Borges: Muito obrigado, estou muito feliz, é com certeza uma honra. Depois dessa e de ter conhecido Mauricio, risquei um sonho na lista de coisas para fazer antes de morrer. Não espere que eu poderei relevar algo, ok? Contratualmente sou um túmulo dos segredos. Mas vocês podem, obviamente, esperar um Cebolinha escrito, desenhado e colorido por mim. Agora assim, saindo do óbvio, cada novo trabalho que eu pego para fazer representa um novo degrau na minha escala de aprendizado e desafio. Estou estudando e me esforçando muito para entregar o meu melhor, para meus leitores, para os leitores do Maurício e todos os novos leitores que começam a ler hqs através do projeto das Graphics MSP.

Shots: Como foi o convite?

Gustavo Borges: Eu estava trabalhando no Escolhas, fim de outubro do ano passado, no Dinamo estúdio ao lado do Daniel HDR. Meu telefone toca, eu saio para atender. Começo a ouvir parece uma voz de fã sinistro, mas logo percebo a pegadinha do Sidney Gusman e comecei a tremer. Daí pra frente foi um fiasco… E claro eu aceitei agradecendo muito. Depois claro que o HDR percebeu pela minha cara. Mas como ele é um dos meus melhores amigos no meio das HQs, tudo bem, ele segurou perfeitamente o segredo junto comigo.

Shots: Será que a gente pode saber um pouquinho sobre os bastidores? Como é o processo criativo? Como funciona? Quais são as etapas? Como é o processo de aprovação de cada uma delas? Sei que você deve estar muito no início, mas tem algo que você já possa contar?

Gustavo Borges: Sidney Gusman já comentou que ele se adapta a forma de trabalhar de cada um dos artistas, e é o que está acontecendo aqui. Estou trabalhando do meu jeito e ele participa orientando, editando e acompanhando as etapas. Começou com uma ideia, um pitch, para me vender a ideia. Daí pra frente vem a coluna vertebral da história, com os pontos mais importantes. Tendo isso pronto eu faço a transição para quadrinhos, tudo em rabiscos pequenos, para decidir o ritmo, narrativa e diálogos. Depois é só(!!!) desenhar e finalizar/colorir tudo!

Shots: Como é trabalhar com um personagem tão importante? E em um estúdio grande como o do Maurício? E sobre a supervisão editorial do Sidão? Não é o seu estilo, você sempre lançou seus quadrinhos de forma independente. Como está sendo essa mudança?

Gustavo Borges: Cebolinha é meu personagem favorito, estou feliz demais de termos sido destinados um ao outro, mas assim, é um dos personagens mais famosos do Brasil. Eu tento esquecer dessa parte e focar nele como se só eu conhecesse. Assim consigo para trabalhar (um pouco) mais tranquilo.

Verdade, até então eu nunca trabalhei com um editor. Outro fato legal é que felizmente eu venho tendo experiências bem diferentes em cada hq, o que me levou a aprender muito.
Sidney Gusman é uma pessoa queridíssima e um grande editor, com certeza vai acrescentar muito pro meu crescimento essa experiência.

E claro, como ele já disse, ele se assegura que a gente entregue os brinquedos de volta para a casa inteiros. É ótimo ter esse Porto Seguro.

Shots: De que forma essa história com o Cebolinha vai dialogar com suas obras mais pessoais? Na verdade, eu queria saber se você acha que existe um discurso, um tema que ligue os quadrinhos que você já fez? Não apenas as tiras, mas os álbuns e até a história com o Gumball lá nos EUA? E como esse tema vai entrar nessa Graphic do Cebolinha?

Gustavo Borges: Aaah rapaz, essa é uma das perguntas mais legais que já me fizeram, mas eu não sei responder ela sem dar com a língua nos dentes. Adoraria aprofundar falando sobre isso, mas é melhor que seja após o lançamento do álbum. Desculpe, acho que essa fica de fora. (Nota do entrevistador: Ok Gustavo! Quando o álbum sair você me deve outra entrevista! Hehehehehe)

Shots: E agora mudando um pouquinho… no finalzinho de 2017, rolou uma discussão interessante no instagram sobre viver de quadrinhos no Brasil… é uma pergunta que sempre vai voltar e como eu acho que o nosso mercado está mudando, queria saber a sua opinião sobre o assunto.

Gustavo Borges: É um assunto recorrente sim. Mas é um assunto muito causado pela nossa ansiedade. Ainda não temos um mercado, temos uma cena, que cresce em passos largos e já permite que um número pequeno de autores nacionais vivam de hq, porém para isso se tornar uma realidade dentro da profissão, a cena precisa evoluir e se consolidar como um mercado. Então atualmente acredito que temos de ter isso na cabeça e cada um tentar fazer sua parte pelo todo. Estamos com mais chances do que nunca, temos de agarrar com força.

Shots: E ainda sobre o mercado, como você vê o mercado de quadrinhos para 2018? Em 2017, o financiamento coletivo se firmou de vez como um ótimo recurso para viabilizar as obras de autores independentes… e como você inclusive já teve ótimas experiências com esse recurso, queria saber sua opinião. Será que essa opção ainda irá se manter bem sucedida por um bom tempo?

Gustavo Borges: Acredito que o financiamento coletivo já está mais do que estabelecido para a cena de HQ e agora o que está acontecendo é uma evolução na qualidade e forma de usar da plataforma. A paltaforma está aí, agora os autores precisam dar seu melhor para fazer projetos cada vez mais interessantes e bem organizados. A vida do financiamento coletivo depende do trabalho que os autores estão fazendo nela.

Shots: Para encerrar e, ao mesmo tempo, atiçar a curiosidade dos leitores… teremos mais algum quadrinho seu para 2018, além da Graphic com o Cebolinha?

Gustavo Borges: Quero gritar que SIM, mas tenho de gritar, EU QUERO, ESTOU TENTANDO o que significa que se depender de mim, sim vai ter. Estou fechando o cronograma e vou me esforçar para tudo andar nos trilhos e ser possível. Dando certo no fim do ano vocês irão ter “Meia-Dúzia de Sapos”, escrito e desenhado por mim com cores de Cris Peter. Muito empolgado com esse trabalho. E ele tem falas, não é uma narrativa muda, como Pétalas.