Promessas de ano novo

Desculpe o transtorno, mas preciso falar sobre a Marvel Studios

servido por: Vitor Leobons

Quando você estiver lendo esse texto faltarão exatamente 101 dias para a estreia de Vingadores: Guerra Infinita. A culminação de tudo que a Marvel Studios vem fazendo no cinema desde 2008…

Ok!

Vamos lá!

Arte sempre teve e sempre terá impacto diferente em pessoas diferentes. Tem milhões de fatores que ajudam nisso… o escopo cultural, a personalidade, o momento social e político… esses e muitos outros fatores, vão fazer com que as recepções sobre determinada obra sejam diferentes. Um crítico formado nos anos 50 vai ler os filmes de hoje de forma completamente diferente de um formado na última década. Qual dos dois tem mais razão?

Me lembro de um comentário do falecido José Wilker – em uma entrega de Oscar – onde ele disse que não conseguia entender e acompanhar filmes como Homem-Aranha do Sam Raimi. E me lembro de pouco antes ter escrito um trabalho sobre a decupagem do Raimi nas cenas onde o Aranha está usando sua teia sobre a cidade, e como os planos longos eram escolhidos para causar uma imersão no público e contrastar com os cortes rápidos das cenas de ação, mostrando um controle de narrativa absurdo…

Enfim…

Mas onde quero chegar?

Me lembro de grandes discussões que tive na época da faculdade ao defender John Hughes e criticar Lars Von Trier.

Deu para entender onde quero chegar?

Então…

Para mim, o grande ponto é que os filmes da Marvel são entretenimento de primeira. Como existem poucos filmes hoje! Divertidos, despretensiosos e ao mesmo tempo capazes de conquistar e cativar os mais diferentes tipo de público. É um tipo de cinema que me lembra e muito os filmes que o Spielberg e sua Amblim nos deu anos 80… o livro “Como a geração sexo, drogas e rocknroll salvou Hollywood” fala como o Spielberg e o Lucas foram apedrejados pela crítica na época, acusados de terem acabado com Hollywood… com filmes que hoje são considerados “clássicos”!

É preciso entender que a indústria cultural sempre vai tentar reproduzir galinhas dos ovos de ouro. E está fazendo isso com os filmes de heróis.

E eu acho que no fundo a crítica em geral é meio prepotente e preguiçosa! Se fez bilhão é ruim, se é franquia é ruim, se tem uma veia pop é ruim, se não tem como objetivo subverter a arte e criar novos paradigmas é ruim… enfim… acho que já está dando para entender onde quero chegar, né?

Mas voltando, os filmes da Marvel são despretensiosos, mas são redondinhos e muito bem estruturados. Os roteiros tem uma puta noção de ritmo, os efeitos são ótimos e os diretores sabem explorar muito bem os seus atores. Vamos usar o Chris Evans como exemplo! É um ator medíocre, mas convence pra cacete como Steve Rogers!

Uma das maiores críticas é sobre a “fórmula” e o fato dos filmes serem “todos iguais”… lembra o que eu falei sobre preguiça? Existe sim uma “fórmula” que funciona muito mais para dar uma coerência do que limitar os produtos, mas se a gente começar a pensar sobre os filmes da fase 2, percebe como são completamente diferentes dos filmes da fase 1, onde o projeto ainda estava engatinhando. E fazer um filme sobre Guardiões, Homem- Formiga, Doutor Estranho e Pantera Negra são apostas arriscadas… fazer um filme com Thor Ragnarok, com um diretor com Taika Waititi é sair da sua zona de conforto. E os caminhos da fase 3 tem sido ainda mais interessantes e arriscados, mudando todo o status quo dos personagens. Eles evoluem, amadurecem, mas ainda guardam a essência de quem são.

E sim, os filmes são despretensiosos, mas o projeto do qual eles fazem parte não. Nunca foi feito nada parecido antes e as tentativas da concorrência já mostraram que não é algo simples de desenvolver e coordenar. Não é apenas por ter fãs que o trailer de Guerra Infinita é o mais assistido da história… isso é o resultado de um trabalho longo e bem feito. Eles conseguiram algo único… quer a gente goste ou não!

2018 chega nos trazendo a peça fundamental de um projeto que mudou o panorama do cinema americano… e nem preciso afirmar que vai ter muita gente torcendo o nariz novamente, né?

Quem sabe daqui alguns anos escrevam livros elogiando? Enfim…