Cinema

Nem tudo o que reluz é ouro

servido por: Caio Sandin

Quando se assiste ao trailer de Bright, o novo longa de David Aier parece fresco, trazendo referências de O Senhor Dos Anéis para os dias atuais, em meio a uma crítica social ácida, principalmente para o momento político, creio eu, mundial. O enredo acaba passando batido, já que a ação e a dupla de protagonistas (Will Smith e Joel Edgerton) roubam a cena daqueles poucos minutos que tentam vender a nova produção da Netflix.

Quando assisti o filme, em sua première, pouco antes do painel com o diretor e a dupla principal, na Comic Con Experience, esperava bem pouco, já que o longa havia passado desapercebido pelo meu radar até pouco antes da feira. Então, aberto para o que pudesse vir, depois de uma noite mal dormida na fila e mais algumas horas com painéis, pude acompanhar, junto de 3499 pessoas o pífio trabalho apresentado em tela.

De fato, o filme é original. Tem uma visão própria, uma dupla de protagonistas fortes, com uma ótima química, além de críticas, não tão ácidas, ao mundo em que nos encontramos. Mas para por aí. A falta de habilidade ao contar uma história repleta de clichês, impressiona. O roteiro, fraco e confuso, se perde ao tentar introduzir um mundo grandioso, por vezes julgando o telespectador como um profundo conhecedor da mitologia recém criado, jogando referencias, personagens e situações em meio a trama, enquanto, outras vezes, explica repetidas vezes um conceito já estabelecido. Além de diversos assuntos e subplots, que são apresentados e nunca mais envolvidos em qualquer outra cena.

O diretor, que tem em seu currículo o excelente Dia de treinamento e o não tão bom Esquadrão Suicida, demonstra que, ao que parece, o tiro fora da curva foi o primeiro longa citado, não o segundo. As cenas de ação inconstantes, misturando momentos excelentes, com sequencias risíveis. Falando em riso, em sua grande maioria, o humor contido na obra parece forçado, fora de timing ou repetitivas, com alguns poucas piadas que, de fato, acertam.

Os cenários e locações retratam uma Los Angeles submersa neste mundo fantástico há anos, assim como eles gostaria que o expectador estivesse. As paredes pixadas com profecias, novos messias, xingamentos entre gangues e raças e os belos grafites, se mesclam perfeitamente com o resto das casas depredadas e malcuidadas, tornando o design de produção, assim como a maquiagem, responsável por dar vida a Orcs que mesclam o animalesco com o humano, os grandes destaques do filme.

Com uma trama fraca, reviravoltas das mais previsíveis e uma direção qualquer nota, os atores e a técnica fazem um bom trabalho, mas não conseguem salvar esta nova empreitada da Netflix no mundo do cinema. Se nem mesmo um dos melhores atores de Hollywood conseguiu fazer o serviço de streaming entrar para o mundo do cinema com a força desejada, restam poucas opções a se tentar. Talvez um bom diretor ajude.

2/5